Esse blog deveria se chamar blague. Quando escolhi me achei o máximo. Reminiscências. Se não era pai falando pra mãe no meio do diálogo, era mãe falando pro pai no meio do diálogo “blague’ blague, blague... que intuitivamente eu entendia como o que você diz é blá, blá... betise”.
Portanto, eu não estava escolhendo um nome, estava resolvendo um trauma. Ganhei outro. Dos 115 milhões de blogs, uns 85 mil (só apurei escritos no Brasil) tem nome blague. Nada como murchar essa arrogância que a gente sente e começa a desfilar até no corredor da própria sala de peito inflado em imodéstia.
Tênis, ó tênis!
Cinco anos sem ver nem um joguinho reestréio com Indiam Wells num dia de Nadal e Balbandian (parente argentino da Balabalian, que só objetivam derrubar jornalistas e revisores de textos).
É preciso entender o elitismo atribuído ao tênis.
Enquanto seu adversário usa uma parte meio privativa na quadra para enxugar o rosto com a toalha, Andy Roddik coça (perdão senhores) o saco.
A cada serviço do norte-americano, rápida passadinha e conferida, tudo muito elegante, ao vivo, e de acordo com o mundo dos nobres canais da TV paga.
Mas é assim mesmo. Nadal, quando vai entrar com o primeiro serviço, pega as famosas três bolinhas, rejeita uma, põe outra no bolso, pega a escolhida, quica a bolinha no chão, ploc, ploc, ploc, ploc.... E desiste de sacar. Enfia o dedo no reguinho do traseiro, dá uma puxadinha, porque parece que a calci...Ops, a cuequinha esta incomodando.
Mas é só no primeiro serviço. Nos outros nem lembra se existem cuecas.
Tem também a água. Nos intervalos, Nadal senta-se, pega uma garrafinha, coloca no chão, pega outra garrafinha, abre, bebe um golinho, e põe no chão. Pega a garrafinha do chão bebe um golinho e a devolve ao chão em slow motion, cuidando para que fique numa distancia simétrica da outra.
Bacana mesmo era o Lendel. Também no primeiro serviço. Com a raquete, batia a bolinha no chão, ploc, ploc, ploc, e parava. Tirava um pelinho da pestana, olhava pra ele, olhava... Achava que estava legal. Batia com a raquete a bolinha no chão, ploc, ploc, ploc e parava. Tirava outro pelinho, ficava namorando com o pelinho na palma da mão, olhava... Mais um. Ah, ai ta bom, sacava.
Psiquiatras adoram tênis.
Não vou falar daquele Big Bem que a Martina Navratilova conseguia carregar no pulso quando em quadra. Ela foi “o” tênis. Nenhum jogador masculino ou feminino ganhou tantos torneios na história dessa modalidade de esporte.
Será que tinha alguma coisa no relógio?
Gláucia Langela o maior orgulho do tênis de Jundiaí (SP) disputando e ganhando jogos de grands slams, insistia que era importante que eu praticasse um esporte, e indicava, claro, o tênis. Na minha malemolência arabiana (árabe e baiana) adiava. Até que um dia uma amiga relatou como seria se eu jogasse tênis.
O professor pegava a bola, e quando ia sacar, não arrancava pelinho, não coçava, não se incomodava com a cueca, muito pelo contrário, era surpreendido pelo meu “pára, pára, páaaaara!!!!
Um minutinho, professor!
Então ia à rede, onde estrategicamente estava meu auxílio, um cinzeirinho amarradinho, dava uma longa e gostosa tragada no cigarro, voltava pro fundo da quadra e dizia “manda”!
Desse modo lacônico acabou uma promissora carreira.
A origem dos fumódromos.
Tabagistas uni-vos! Somos uma raça em extinção. Uma aberração, um aborto social. Por isso a gente que fume nos degraus dos prédios quando em local profissional. A gente que fume lá fora, quando na casa de amigos, a gente que fume na rua (ainda pode?) depois de regar o almoço com cafezinho. A gente que se fume!
O que me comove nisso é que a genial idéia brasileira partiu de nosso querido senhor Paulo Salim Maluf, importando uma lei que vigorava nos Estados Unidos.
No começo ficava me perguntando como uma coisa restritiva, cerceadora, tende a angariar em segundos, milhões de simpatizantes mesmo anti (digamos, semi) malufistas.
Necessidade de reprimir?
E como começou? Num contra ponto.
Na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro, o orgasmo da pupila. Mais exatamente na rua do Russel, na Glória, prédio da editora Bloch que acabava de tornar-se também emissora de TV.
1983 ou 1986? Niemayer acabara de inaugurar os Cieps durante o ano, sambódromo para dias de carnaval, sob encomenda de Darcy Ribeiro.
O que as sofisticadíssimas aparelhagens tinham de tecnologias, tinham de delicadas. Então, o pessoal (Rubens Furtado) da TV pedia encarecidamente que não fumassem nas suas dependências aclimatizadas por fortíssimos ares condicionados.
Escolheram as escadas do quarto andar, dispuseram cinzeiros e a verve carioca, em minutos, apelidou o local de “fumódromo”, paródia a já apelidada obra de Niemayer.
Virou ponto de encontro. Quem quisesse saber da “última” bastava comparecer ao fumódromo. Nem fumante precisava ser. O importante sempre foi competir.
Certa vez no oitavo (oitavo?) andar, destinado às redações, procurava freelas na Ele & Ela, no informativo da TV Manchete, e ia passeando. Entra aqui, sai dali, ouvi passos atrás de mim. Normal.
Do corredor, graças a todas as salas serem envidraçadas, duas paisagens se destacavam. Toda a praia do Flamengo, e um retrato enorme do grande Adolpho. Entra aqui, sai dali, os mesmo passos (?). Olhei para traz rapidamente e quando retomei, dei de cara com aquele retrato enorme que decorava todas as dependências do prédio. Estava feito o estrago. Era o “home!”.
Conhecia sua fama de zeloso diretor presidente. Gostava especialmente de atacar suas vítimas nos elevadores. Daí conferia para ver se os crachás estavam acima da cintura, caso contrário, mandava recolocar. Do nada olhava pro sujeito ou pra sujeita e perguntava nome, onde trabalhava e o que fazia. Muitos freelancers foram efetivados no elevador. E repórteres passaram a editores e dali do elevador muitos foram parar no olho da rua.
Clodovil.
A primeira vez que vi Clodovil tinha meus 14, 15 anos, e mais tarde, um diário onde carinhosamente colei seu autógrafo. Muito tempo depois entrei no elevador Bloch e dei com ele sozinho lá dentro. Ainda era apaixonada. Fizemos o percurso sem que eu dissesse “bu” nem “bó”. E eu estava absolutamente acostumada a lidar com pessoas de expressão porque convivia com eles em minha profissão. Clodovil tinha aquela característica sexual híbrida. Como Bethânia tem, Mick Jagger tem e Caetano pensa, mas não tem.
Eu sentia uma atração absurda por ele, desde o primeiro autógrafo, e quando entendi me encantei.
E o que continuou meu interessou por nele foi o todo. “Brigamos” para sempre umas três vezes. Ele em frente à câmara, eu em frente à televisão. Mas o achava notável.
Na segunda feira, 16 de março de 2009, enquanto o deputado federal morria no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, o uó, digo, o link uol, estampava sua fotografia na primeira página.
Nela, Clodovil Hernandes está sentado na platéia da câmera dos deputados, usando belíssimos óculos escuros (seguramente um Armani) e faz biquinho.
O arquivo fotográfico do Uol deve valer-se da irmã, Falha, digo, Folha de São Paulo. O que sugere que em trinta, quarenta anos de vida pública de Clodovil, eles devem ter reunido? Umas mil fotos dele? E qual a escolhida?
Imediatamente entrei no link do estadão, li a mesma matéria, superior e bem redigida. Na ilustração, vê-se um Clodovil em pleno discurso, e ao fundo, a bandeira brasileira.
Postei imediatamente um comentário no Estadão. Aquela foto do uó é desrespeitosa e homofóbica em quaisquer situações de notícia.
Naquele dia, a matéria do uó afirmava que os boletins médicos sugeriam que o estado de saúde do deputado não permitia esperanças. A notícia do uó confirmava sua agonia a caminho da morte.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u535764.shtml
Não contente, na manhã do dia que viria morrer, o uó publicou outra foto onde Clodovil aparece...Fazendo biquinho.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u536082.shtml
Mas o importante é competir.
No dia do velório de Clodovil, mais um furo de reportagem no emocionante uó.
“Suplente de Clodovil é contra casamento homossexual”.
Brilhante informação. Para continuar a prestação de serviço, ô uó, esqueceu de dizer que Clodovil já tinha se posicionado contra o assunto. Ou será que escreveu? (só li o título, não perder tempo com o que não interessa é uma forma de angariar cultura).
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